
Vacinação infantil registra maior queda contínua dos últimos 30 anos, segundo OMS e UNICEF
A vacinação infantil registrou a maior queda contínua dos últimos 30 anos, segundo dados oficiais publicados, no dia 14 de julho, pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para Infância (UNICEF). As entidades apontam a crise de Covid-19, as fake news sobre vacinas e o aumento do número de crianças que vivem em áreas de conflito como razões para a diminuição da cobertura vacinal.
A proporção de crianças que receberam as três doses da vacina contra a difteria, o tétano e a poliomielite (DTP), usada como indicador-chave de cobertura de imunização em todo o mundo, caiu 5% entre 2019 e 2021, atingindo 81% em 2021. Isso quer dizer que 25 milhões de meninos e meninas não receberam uma ou mais doses da DTP. Desse total, 18 milhões de crianças não receberam nenhuma dose da DTP durante o ano passado.
O Brasil está entre os dez países com mais crianças que não estão em dia com o calendário vacinal. No país, três em cada dez crianças não receberam vacinas necessárias. Isso significa que 70,4% das crianças receberam ao menos a primeira dose da DTP, ou pentavalente, ou seja, aproximadamente 700 mil crianças não receberam nenhuma dose da vacina. No Brasil, as doses são aplicadas em bebês aos 2, 4 e 6 meses de idade.
“A saúde das crianças está em perigo. Estamos vendo a maior queda sustentada da vacinação infantil durante uma geração”, disse Catherine Russell, Diretora Executiva do UNICEF. “Enquanto no ano passado esperávamos ter uma ressaca pandêmica como resultado de interrupções e bloqueios causados pelo COVID-19, o que estamos vendo agora é um declínio contínuo. A COVID-19 não é desculpa. Precisamos que milhões de meninos e meninas recebam as vacinas que lhes faltam. Caso contrário, inevitavelmente veremos mais surtos, mais crianças doentes e mais pressão sobre os sistemas de saúde já sobrecarregados”, alertou.
Segundo Stephanie Amaral, oficial de Saúde do Unicef no Brasil, um dos motivos para a não vacinação é a falsa percepção de que estamos livres de determinada doença porque são doenças que não aparecem mais, como a poliomielite, ou paralisia infantil, e a coqueluche. “Existe a falsa percepção que a vacina não é necessária, mas é o contrário. Muitas doenças não são vistas e a mortalidade infantil melhorou por causa da vacinação”, afirmou.
Dados sobre a vacina contra o papilomavírus humano (HPV) também foram publicados. Em todo o mundo, mais de um quarto da cobertura vacinal contra HPV alcançada em 2019 foi perdida. Segundo as entidades, isso tem sérias consequências para a saúde de mulheres e meninas, pois a cobertura global da primeira dose da vacina contra o HPV é de apenas 15%, apesar de as primeiras vacinas terem sido licenciadas há mais de 15 anos.
No caso da vacina contra o sarampo, a cobertura da primeira dose caiu para 81% em 2021, o nível mais baixo desde 2008. Ou seja, 24,7 milhões de crianças não receberam a primeira dose do sarampo em 2021 no mundo todo. Outros 14,7 milhões de meninos e meninas não receberam a segunda dose necessária. Em relação a poliomielite, em comparação com 2019, mais 6,7 milhões de meninos e meninas perderam a terceira dose da vacina contra a poliomielite.
A queda na cobertura vacinal pode fazer com que acontecem novos surtos e epidemias dessas doenças. Por isso, as duas entidades afirmam serem necessários esforços de todos para alcançar níveis adequados de cobertura vacinal em todo o mundo.
*Com informações da OMS, do UNICEF e da Agência Brasil