O Estado de S.Paulo
O desabastecimento de insumos hospitalares e medicamentos causado pela greve dos caminhoneiros fez hospitais cancelarem cirurgias eletivas (não urgentes) e clínicas de diálise reduzirem o tempo do procedimento, o que pode colocar em risco pacientes que dependem da terapia.
Em São Paulo, a situação crítica levou a Federação dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado (Fehoesp) e o Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios de São Paulo (Sindhosp) a entrarem com ação na Justiça Federal pedindo que a União e o movimento grevista garantam o abastecimento de materiais médicos a estabelecimentos de saúde.
No interior do Estado, a Santa Casa de São Carlos e o Hospital Samaritano de Sorocaba cancelaram as cirurgias que estavam marcadas para a partir de ontem. No Grupo Policlin, em São José dos Campos, houve o cancelamento de três cirurgias por causa do atraso na entrega de material hospitalar.
Na capital paulista, a Santa Casa de São Paulo informou que cirurgias eletivas marcadas para a próxima segunda-feira foram adiadas por precaução. “Estamos sendo cautelosos porque a situação ainda é imprevisível”, disse o superintendente da instituição, Carlos Augusto Meinberg, que destacou que os atendimentos de urgência e emergência estão mantidos.
O Hospital Premier, na zona sul, que atende pacientes com quadros graves e que necessitam de cuidados paliativos, informou que tem estoque de oxigênio apenas até terça-feira.
“Temos muitos pacientes idosos que dependem do oxigênio para sobreviver. Não podemos ficar sem”, declarou o diretorsuperintendente da unidade, Samir Salman.
No Distrito Federal, as cirurgias agendadas e os atendimentos ambulatoriais e das Unidades Básicas de Saúde ficarão suspensos entre hoje e segunda.
No Sul de Minas Gerais, mais de 150 municípios podem ficar sem o serviço de ambulâncias.
O consórcio Cissul/Samu informou ontem que o combustível para os veículos estava perto do fim em virtude da paralisação dos caminhoneiros.
Diálise. Clínicas de diálise já estão em alerta para a baixa no estoque de materiais essenciais para o tratamento. “Se o concentrado de diálise faltar, não conseguimos fazer o procedimento e o paciente pode ter várias complicações”, destaca Yussif Ali Mere Jr., presidente da Associação Brasileira dos Centros de Diálise e Transplante (ABCDT).
Em Nova Friburgo, no Rio, as clínicas já foram obrigadas a reduzir de quatro para três o número de horas da sessão. As secretarias de saúde estadual e municipal e o Ministério Público foram notificados.
A Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias também demonstrou preocupação sobre o risco de ficar sem estoque nos próximos dias. Em São Paulo e Rio, parte do abastecimento está sendo realizada por vans.