Folha de S.Paulo
Artur Rodrigues e Guilherme Botacini
O secretário municipal de Saúde, Edson Aparecido, afirmou nesta quinta-feira (30) que já há uma decisão tomada para não haver relaxamento da quarentena em São Paulo a partir de 10 de maio.
O governo estadual havia anunciado que haveria reabertura a partir desta data, último dia de quarentena, de acordo com índices de cada região. No entanto o governo paulistano deve promover um endurecimento das medidas de isolamento social, com criação de bloqueios para diminuir o fluxo na cidade.
“A curva de óbitos e confirmação é crescente. Ela vinha acontecendo numa velocidade menor, mas na última semana sobretudo a gente vê claramente que a velocidade aumentou muito. Esses números nos fazem acreditar que as medidas de isolamento não têm que ser arrefecidas, nós temos que permanecer com essas medidas”, afirmou o secretário municipal de Saúde, Edson Aparecido, em live com vereadores paulistanos na manhã desta quinta.
Segundo ele, a prefeitura ainda estuda medidas adicionais de endurecimento da quarentena. Uma delas pode ser a restrição a circulação por bloqueios, desestimulando que as pessoas saiam.
Às 8h30 desta quinta, foram registrados 18 km de congestionamento na capital, o maior volume desde o dia 24 de março, que marcou o início da quarentena no estado.
A tendência tem sido de crescimento da lentidão no trânsito desde a semana passada. As métricas sinalizam aumento do volume de veículos nas ruas e pode indicar que o paulistano está flexibilizando por conta própria o isolamento social, segundo a Secretária de Mobilidade e Transportes da cidade.
“Parte da sociedade resolveu sair de casa e não entende que estamos num aumento da curva [de casos confirmados da Covid-19], e que é agora que as pessoas devem ficar em casa”, afirma o secretário de transportes Edson Caram.
Atualmente, são feitos bloqueios educativos, em ruas da periferia, que têm apresentado índices maiores de mortes por suspeita de coronavírus. A primeira via bloqueada, foi a Radial Leste, na última segunda-feira (28).
No dia seguinte, foram bloqueadas três avenidas, número que se repetiu na quarta. Nesta quinta, a prefeitura fez a ação nas avenidas Sapopemba, São Miguel e Mateo Bei, na zona leste, além da estrada do M’Boi Mirim, no extremo sul.
A prefeitura encomendou estudo sobre eventuais bloqueios de vias, que podem incluir até mesmo corredores como a 23 de Maio.
Caram diz que a prefeitura fará em média quatro bloqueios educativos por dia pela cidade. Hoje foi o primeiro dia com quatro intervenções, que ocorreram, a partir das 7h, nas avenidas Sapopemba, São Miguel e Mateo Bei, na zona leste, e na estrada do M’Boi Mirim, na zona sul.
As vias são parcialmente bloqueadas e profissionais de saúde distribuem material informativo sobre o novo coronavírus para os motoristas. Segundo nota da prefeitura, “o objetivo é reforçar o alerta sobre a necessidade de isolamento social”. A medida tem caráter preventivo.
Os bloqueios contribuem para o aumento da lentidão registrada, mas, de acordo com Caram, os congestionamentos nos locais das intervenções não ocorreriam se não houvesse fluxo intenso.
Os dados de lentidão indicam que nas duas primeiras semanas de quarentena o paulistano aderiu ao isolamento. Segundo a CET, nesse primeiro momento os pontos de congestionamento eram resultado de acidentes e interdições.
A tendência de crescimento recente, por outro lado, tem características mais próximas ao tráfego anterior às medidas restritivas devido à pandemia do novo coronavírus. Lentidão e congestionamento estão acontecendo de forma diluída, especialmente nas vias que costumam receber grande fluxo de veículos.
O governador João Doria (PSDB) afirmou na quarta também que, na atual situação, será impossível fazer o relaxamento previsto. “Numa taxa de isolamento de 48%, não há menor condição de flexibilização de isolamento, com os riscos de colapso no atendimento público nos hospitais.”