Setor Português 02/04/2016

Preços de remédios podem subir 12,5%.

O Globo
Os remédios com preços controlados podem ficar até 12,5% mais caros. O reajuste foi autorizado ontem pelo governo e já pode ser feito pela indústria farmacêutica. Segundo resolução publicada no Diário Oficial da União, o aumento foi calculado com base no comportamento da inflação no ano passado e também nas perdas de produtividade que os laboratórios tiveram nesse período por causa do câmbio e do aumento da energia.
Entre os medicamentos que têm preços controlados no país, estão produtos usados no tratamento de doenças crônicas e câncer. Também estão na lista tranquilizantes, diuréticos, anti-histamínicos, anestésicos locais, produtos antitabagismo e antipsicóticos.
Os cálculos para definir o reajuste levaram em consideração a variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) entre março de 2015 e fevereiro de 2016, de 10,36%, e uma perda de produtividade de 2,14% na indústria, chegando ao total de 12,5%. O percentual foi definido pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (Cmed).
AUMENTO TERÁ IMPACTO NO IPCA
A alta de 12,5% é a maior em mais de dez anos —e a primeira a subir mais que a inflação nesse período. No ano passado, os preços de medicamentos haviam subido 7,7%, exatamente o IPCA acumulado no período. Em 2014, o reajuste foi de 5,68%, também idêntico à inflação oficial.
O Ministério da Saúde informou, no entanto, que o valor autorizado não vai necessariamente ser transmitido aos preços cobrados dos consumidores. Isso porque tanto a indústria farmacêutica quanto o setor varejista costumam praticar descontos em função da concorrência que existe nesse mercado. Assim, “o impacto no consumidor historicamente tem ficado e deve ficar abaixo do teto de reajuste aprovado este ano”, afirmou o ministério em nota.
A Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma) também informou que os descontos dados aos consumidores vão influenciar os valores cobrados nas farmácias. De acordo com a entidade, o abatimento médio é de 72% para medicamentos genéricos e de 16% para os de referência.
— Como esse mercado é muito competitivo, os preços ficam sempre abaixo do índice de reajuste — explicou o presidente- executivo da Interfarma, Antônio Britto.
A entidade, no entanto, ressaltou que o reajuste concedido não repõe todas as perdas sofridas pela indústria farmacêutica nos últimos anos. O IPCA acumulado nos últimos dez anos foi de 79,3%, enquanto os índices de reajuste autorizados pela Cmed foram de 61,2% no mesmo período.
Nas contas de Luis Otavio Leal, economista- chefe do banco ABC Brasil, considerando o reajuste máximo, a alta dos remédios terá impacto de 0,3 ponto percentual sobre a inflação de abril. O peso representa mais da metade do IPCA esperado pelo analista para o mês, de 0,5%. O efeito deve se estender até maio, pois o tempo de troca de estoques varia de acordo com a farmácia. Com isso, entre abril e maio, o impacto deve ser de 0,4 ponto.
— Era esperado. A inflação é um dos fatores, e o câmbio influencia, pois boa parte dos remédios tem componentes importados — disse Leal.

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