Setor Português 02/10/2014

País fica fora do top 200 universitário

Jornalista: Bárbara Ferreira Santos
A Universidade de São Paulo (USP) subiu de posição no ranking Times Higher Education ( THE),da publicação britânica Thomson Reuters, a principal lista internacional de universidades. Apesar da melhora do desempenho da USP – a instituição brasileira mais bem colocada –, o País continua sem nenhuma instituição entre as 200 melhores do mundo.
Neste ano, a USP está na lista entre o 201.º e 225.º lugares. No ano passado, estava entre 226.º e 250.º lugar – o THE não revela aposição exata de cada instituição a partir do 200.º lugar. A Universidade Estadual de Campinas( Unicamp), a segunda brasileira na lista, não figura entre as 300 melhores. Está na mesma posição do ano passado: entre o 301.º e o 350.º lugares.
O Brasil chegou a ter uma instituição no top 200 em 2011 e 2012, quando a USP estava nas posições 178.º e 158.º, respectivamente.
Mas o País continua sendo o mais bem colocado da América Latina. Neste ano, por exemplo, Chile e Colômbia aparecem a partir do top 300, abaixo do Brasil.
Entre as 200 melhores instituições, há 28 países representados, ante 26 do ano anterior.Os ingressantes são Itália e Rússia.
Na lista constam países emergentes, como a Turquia, com quatro citações no top 200, e Cingapura, com duas. No topo do ranking do THE, nenhuma surpresa. O Instituto de Tecnologia da Califórnia ocupa a primeira posição pelo quarto ano consecutivo. Harvard e Oxford estão no segundo e terceiro lugar, respectivamente.
Emergentes. Para o editor da publicação, Phil Baty, um país como tamanho e a importância econômica do Brasil deveria ter uma instituição entre as 200 melhores do mundo.
“Outros países emergentes e membros dos Brics têm universidades no top 200, como Rússia (1), China (3) e África do Sul (1). Só o Brasil e a Índia não têm nenhuma no top 200”, afirma.
“Universidades são muito importantes para assegurar crescimento saudável da economia.
Inovam, criam tecnologia e conhecimento.” Em época de crise orçamentárias nas duas universidades brasileiras, Baty fala sobre a necessidade de as instituições do País atraírem mais dinheiro. “Está claro no ranking que é preciso ter generosos financiamentos para manter as posições mais altas, pagar altos salários, tornar as carreiras atrativas para não perder pessoas talentosas e ter dinheiro para investir em infraestrutura”, explica.“É importante que as universidades consigam ter diversas fontes de financiamento, que vão além do governo, para continuarem tendo generosas entradas de dinheiro.
Sem isso, vão perder posições.” Internacionalização. Para Rogério Meneghini, professor titular aposentado da USP e diretor científico do programa SciELO de revistas científicas brasileiras, as universidades do País têm de aumentar a colaboração internacional e o número de publicações, critérios importantes nos rankings internacionais.
“O índice de colaboração internacional do Brasil é de 25%, enquanto entre os países da Europa é de 50%. O impacto de qualidade depende de colaboração internacional”, diz.
Ele explica que as universidades do País precisam criar mais aulas de ensino de segundo idioma para os alunos brasileiros.
Além disso, devem ter aulas – tanto de graduação quanto de pós – em inglês para atrair mais alunos internacionais.
Para Meneghini, o programa Ciência sem Fronteiras, criado pelo governo federal, não é suficiente para solucionar o problema.
“Esse programa, como foi modelado, não ajuda a ciência.
Ajuda os estudantes a estudar o idioma inglês.O ideal seria trazer professores de fora para dar aula aqui. Tem de abrir as portas para o inglês.”

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