Folha de S.Paulo
Colunista: Maria Cristina Frias
Há meses, entidades de diferentes setores privados têm adiado suas negociações com o governo federal por conta da indefinição política no país.
"Desde dezembro do ano passado nossas conversas com os ministérios da Casa Civil e da Fazenda estão suspensas", afirma Bento Alcoforado, presidente da Abióptica.
A entidade negocia a realização de um programa de certificação e de combate a produtos ilegais no setor ótico.
As indústrias menos centrais à economia são as mais afetadas, diz. "Mesmo com um novo governo, haverá tantas demandas, que [as pautas] não serão priorizadas."
A troca no comando do ministério da Saúde também fez com que fossem paralisadas as PDPs (parcerias de desenvolvimento produtivo), segundo a Abimed, de fabricantes de equipamentos médicos.
Segundo o cronograma, a lista com os novos produtos que fariam parte do programa deveria ter saído até o fim de abril, o que não foi feito, diz o presidente, Carlos Goulart.
"Houve uma reunião com o atual ministro, mas o que foi dito é que a pasta está aprimorando o sistema. Isso rompe a sequência de uma política que já estava em andamento."
As negociações com o Congresso também estão em compasso de espera. Desde o início do ano, a Abinee, de eletroeletrônicos, espera a derrubada de um veto da presidente que determina a elevação da carga tributária do setor.
"A derrubada já foi acertada, mas a pauta está trancada", diz o presidente da associação, Humberto Barbato.