Valor Econômico
Com o mais recente corte anunciado no orçamento do Ministério da Saúde, os recursos previstos para 2015 voltaram aos níveis de 2012, segundo estudo da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma). Até agora, o abatimento no orçamento do ministério totaliza R$ 13,4 bilhões, ou 12% do total previsto para o ano.
Agora em R$ 95 bilhões, a nova dotação para 2015 fica abaixo do verificado nos dois últimos anos, de acordo com o presidente-executivo da entidade, Antônio Britto. "Evidentemente, isso vai gerar uma situação que não permite as ampliações necessárias de programas e serviços e levará a cortes [nos programas existentes." Conforme a associação, a medida mais recente, que resultou em redução de R$ 1,7 bilhão, "agrava o subfinanciamento da pasta, reconhecido em muitas ocasiões pelo próprio ministro da Saúde, Arthur Chioro". "Praticamente todas as críticas de hoje ao SUS (Sistema Único de Saúde) estão relacionadas ao fato dele não cumprir o pressuposto constitucional de oferecer cobertura total de saúde a todos. E essa dificuldade está relacionada justamente ao financiamento abaixo das reais necessidades da população", afirmou Britto.
Para o executivo da Interfarma, que reúne 55 laboratórios, essa situação deveria levar o governo a repensar o modelo do sistema de saúde e seu financiamento. "A conta cada vez mais não fecha. Há um descolamento perigoso entre o que o governo se compromete a fazer e o que pode ser feito." A redução dos recursos tende a impulsionar a chamada "judicialização" da saúde, que gera conta anual de R$ 800 milhões à União.