Valor Econômico
Jornalista: Fábio Pupo
O ajuste fiscal promovido pelo governo causou uma mudança no ranking de empresas que mais recebem pagamentos da União. Antes dominada por grupos do setor de construção e de máquinas e equipamentos, a lista (que desconsidera instituições financeiras) agora tem nas primeiras posições companhias de educação e do setor farmacêutico.
A campeã de 2015 foi a paulista Anhanguera Educacional, que obteve R$ 947,3 milhões por repasses do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) – programa que financia cursos superiores da rede particular. Com isso, a companhia desbancou a fabricante de aviões Embraer e a construtora Odebrecht – campeã e vice de 2014.
Em seguida, estão Itaipu Binacional e Embraer. Das sete restantes, quatro são farmacêuticas ou distribuidoras de medicamentos: Abbvie, Glaxo-Smithkline, Uno Healthcare e Multicare. Construtora melhor colocada, a Queiroz Galvão só aparece em oitavo.
Gil Castelo Branco, secretário-geral da Associação Contas Abertas, afirma que a mudança é explicada pelos cortes que o governo foi obrigado a fazer em despesas discricionárias – aquelas em que é possível mexer sem apoio do Congresso. Foram cortados investimentos em ações como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e preservados gastos nas chamadas despesas obrigatórias – como saúde e educação.
"Não deve ter sido diminuída a compra de medicamentos e nem de gastos com educação, pois são despesas que o governo não tem capacidade de cortar. Tem que comprar remédio, não tem como parar, ainda mais nesse momento de zika e dengue", afirma. "A única maneira de tentar minimizar o déficit primário é cortando o investimento. Então essas empresas [construtoras e fabricantes] sofrem mais do que às ligadas ao investimento obrigatório", diz.