Doria estica a quarentena até dia 22

Valor Econômico

As medidas de isolamento social que nas últimas semanas fecharam a maior parte dos estabelecimentos comerciais e empresas no Estado de São Paulo, inicialmente previstas para vigorar até hoje, agora vão até 22 de abril. A decisão foi comunicada ontem pelo governador João Doria, que ressaltou que prefeitos têm obrigação de seguir a determinação.

Segundo balanço divulgado à noite pela Secretaria Estadual de Saúde, São Paulo registrava 304 mortes por covid-19, do total de 553 óbitos no país. Com 29 novas mortes e 4.861 casos de infecção por coronavírus confirmados dos 12.056 no país, a doença já está presente em todas as regiões administrativas e chega a 107 cidades paulistas.

Em razão da curva ascendente de transmissão do coronavírus, Doria alertou ainda que a violação das regras de distanciamento social será passível de repressão policial “A GCM [Guarda Civil Metropolitana] e a PM [polícia militar] poderão agir para dissipar qualquer aglomeração de pessoas, medida que vai ser publicada no ‘Diário Oficial’ de amanhã [hoje]”, afirmou.

Para embasar sua decisão, argumentou que há consenso entre autoridades quanto ao uso do distanciamento social para poupar vidas. Após citar o economista e Prêmio Nobel Joseph Stiglitz e voltar a elogiar empresários que tomaram a decisão de não desligar funcionários devido à crise, o governador reiterou que São Paulo continuará a agir com base na ciência e priorizará vidas em relação à economia.

Segundo ele, aquele que não seguir no Brasil as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) que vêm sendo acatadas mundialmente deve “assumir responsabilidade de segurar os caixões e enterrar vítimas”.

De acordo com o prefeito de São Paulo, Bruno Covas, a prefeitura já lacrou 46 estabelecimentos por descumprirem as medidas de isolamento determinadas por decreto. “A prefeitura não multa, lacra. E na reincidência vai lacrar e cassar o alvará”, disse Covas.

Diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas informou que 12.546 leitos de UTI no Estado estão com ocupação de 50%. “Se não houvesse nenhuma medida [mitigatória], estaríamos precisando de mais 3.742 leitos, e o sistema ficaria incapacitado para atender”, disse.

O cientista explicou que o Estado trabalha com três cenários: um sem medida de isolamento alguma, um segundo de mitigação média – adotado atualmente – e um terceiro de mitigação mais intensa, o que poderia configurar um “lockdown”.

Segundo ele, numa projeção de pandemia com 180 dias de duração sem nenhuma medida de isolamento adotada, São Paulo teria 277 mil mortos. “Vamos reduzir em 166 mil mortes”, explicou. Até o próximo dia 13, detalhou, a perspectiva sem mitigação seria de 5 mil mortes. Ele espera que São Paulo chegue até lá com menos de 1.300.

Dentro dos mesmos cálculos e prazo de 180 dias, Dimas Covas apontou que os casos graves – com necessidade de leitos de terapia intensiva – caem de 315 mil para 147 mil com medidas restritivas, ou seja, 168 mil a menos.

Coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus de São Paulo, o médico David Uip, que foi infectado pelo coronavírus e já curdo, disse ter enfrentado “um sentimento muito angustiante, dormir sem saber como vai acordar”.

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